A Associação de Jardins-Escolas João de Deus
O 2.º Jardim-Escola João de Deus de Coimbra pertence à Associação de Jardins-Escolas João de Deus, sucedânea da Associação de Escolas Móveis pelo Método
João de Deus. É uma Instituição Particular de Solidariedade Social, devotada ao
serviço da educação e da cultura.
A Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus foi fundada por Casimiro Freire em 1882, época em que 80% da população portuguesa era iletrada. Desde a sua fundação até 1920, a Associação alfabetizou cerca de 28 mil adultos e crianças. A iniciativa foi apoiada por algumas personalidades célebres desse tempo, entre elas: João de Barros, Bernardino Machado, Jaime Magalhães Lima, Francisco Teixeira de Queiroz e Ana de Castro Osório.
Em 1908, por proposta de João de Deus Ramos, filho do Poeta-Educador João de Deus, passou a designar-se "Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus, Bibliotecas Ambulantes e Jardins-Escolas".
Sentindo a necessidade de dar um caráter mais amplo e perdurável à obra de instrução, João de Deus Ramos decidiu fundar em Coimbra, o primeiro Jardim-Escola João de Deus, no ano de 1911. Posteriormente, até 1953, data do seu falecimento, João de Deus Ramos criou 11 Jardins-Escolas.
Em 1917, foi inaugurado o Museu João de Deus, projeto de Escola-Monumento (da autoria de Raul Lino, classificado património de interesse municipal), ao qual se associaram numerosos intelectuais e artistas, entre os quais João de Barros e Afonso Lopes Vieira.
A partir de 1920, a Associação de Jardins-Escolas João de Deus enriqueceu o número de alfabetizados pelo Método João de Deus com mais cento e trinta e cinco milhares, seiscentas e quarenta crianças. Nesse ano, iniciou-se o primeiro Curso de Formação de Educadores de Infância, em Portugal, que se designava como “Curso de Didática Pré-Primária pelo Método João de Deus”. Vinte anos depois, começou a funcionar o Curso de Auxiliares de Educação Infantil (extinto em 1980), com o intuito de evitar a entrega de crianças a vigilantes sem preparação especializada.
Como exemplo de respeito pela obra desta instituição, um dos principais apóstolos do salazarismo, o Ministro Carneiro Pacheco, em 1936, decretou o encerramento das escolas do Magistério Primário, à exceção da referida instituição, reconhecendo, por Decreto-Lei de 15 de agosto de 1936, o seu respeitoso projeto de responsabilidade e honestidade.
João de Deus Ramos adquiriu o reconhecimento público do seu trabalho, que já
à época defendia: "É preciso que o povo saiba ler e escrever, é preciso motivar
os políticos para a execução desses princípios". Eleito deputado por duas vezes
(em 1913 e 1915), João de Deus Ramos exerceu ainda os cargos de Governador
Civil, de Ministro da Instrução Pública e de Ministro do Trabalho.
A 9 de Novembro de 1988 o Decreto-Lei n.º 408/88 autoriza a criação da Escola Superior de Educação João de Deus com os Cursos de Educadores de Infância e de Professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico, um novo ponto alto na história da instituição.
A Associação de Jardins-Escolas João de Deus e a Escola Superior de Educação João de Deus têm ao seu serviço mais de mil pessoas, entre educadores, professores, auxiliares de educação e outros colaboradores, cuja atividade se reparte pelos centros infantis, jardins-escolas, ludotecas e museus.
Desde a fundação das Escolas Móveis pelo Método João de Deus e, posteriormente, dos jardins-escolas com o mesmo nome, já foram matriculadas cerca de 200.000 crianças.